“Book Descriptions: Arquitecto e autor de Banda Desenhada, o italiano Giorgio Fratini viveu em Portugal no ano 2000 ao abrigo do programa Erasmus, tendo voltado nos anos seguintes. Foi numa dessas visitas a Lisboa que descobriu que o edifício no Chiado que albergou a sede da polícia secreta de Salazar ia ser demolido e transformado num condomínio de luxo. Acontecimento que o inspirou a escrever o seu primeiro livro de banda desenhada, As Paredes Têm Ouvidos, para resgatar do esquecimento a memória daqueles que passaram pela sinistra morada.
Era uma vez uma rua, era uma vez um edifício, era uma vez uma ditadura. Esse edifício era a sede da PIDE, na rua António Maria Cardoso, ao Chiado. Uma casa cujas paredes conservaram muitas histórias e outras tantas tragédias. O enredo contempla uma história de resistência anti-fascista e o seu acompanhamento da delação e prisão, em dois momentos históricos distintos, 1970 e 2006. Partindo das recordações de Marisa, uma imigrante cabo-verdiana cozinheira no restaurante Filho da Mãe Preta, seguimos os destinos de duas vítimas da PIDE: o seu filho Zé, estudante de arquitectura, a quem as teorias construtivistas deixaram em apuros, e o pintor Léon, caricaturista clandestino, que depois de ter falado uma primeira vez após ter sido torturado decidiu nunca mais abrir a boca fechando-se para o mundo, adormecendo como o elefante mutilado da canção de Paolo Conte para só se deixar acordar pela morte.
“A cidade é Lisboa, a de ontem. E as cidades são assim, como as paredes das casas e dos quartos… Testemunham em silêncio… E se acordam do sono do esquecimento, podem contar a história das vozes, dos gritos e dos silêncios que foram obrigados a acolher.” – Roberto Francovilla” DRIVE