“Book Descriptions: Flash foi escrito em abril de 1980. Por esses dias, o Herberto Helder interpelou Vítor Silva Tavares: «Olha lá, quanto me custará fazer uma coisinha especial no Apolinário Ramos?». Era o começo dessa «coisa secreta». De acordo com Silva Tavares, o poeta procurava uma «satisfação íntima» – pergunto se não será sempre uma qualquer «satisfação íntima» o que, desde o princípio, buscamos na literatura, na arte.
Concebido na sombra, esse «mítico» Flash foi impresso em papel manteigueiro [costaneiro] por José Apolinário Ramos, o não menos «mítico» artista-tipógrafo da Tipografia Ideal.
A edição de Flash exigiu ainda um esforço suplementar, já que a poesia do Herberto Helder seria precedida pelo hors-texte de Cruzeiro Seixas, a preto e azul, com pormenores vermelhos. Apolinário Ramos usou a desusada técnica da reprodução a zinco e os tons resultaram da paciente mistura das tintas litográficas.
Nesse outono de 1980, o Herberto Helder celebrou o seu quinquagésimo aniversário. Já era reconhecido como essa «máquina alquímica» que – nas palavras de Manuel Hermínio Monteiro – transformava o «quotidiano em ouro».
O «folheto» foi distribuído em «furiosa clandestinidade». Disseram-me que muitos dos 250 exemplares não chegaram a sair da casa do poeta. Não sei. ... [José Rui Teixeira]” DRIVE